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Pico das Camarinhas - Ponta da Ferraria
Monumento Natural
Com 40 hectares, este monumento natural localiza-se no extremo oeste da ilha e apresenta uma diversidade de estruturas geológicas, com destaque para o Pico das Camarinhas, a fajã lávica da Ponta da Ferraria e um pequeno domo traquítico localizado por trás, a este do Pico das Camarinhas.
O Pico das Camarinhas é o cone de escórias responsável pelas escoadas basálticas que, galgando a antiga arriba e espraiando-se na sua base, deram origem à fajã lávica (ou delta lávico) da Ponta da Ferraria, há cerca de 900 anos. A antiga linha de costa foi preservada sob a forma de uma arriba fóssil (com cerca de 100 metros de altura) e na escoada lávica da Ferraria podem observar-se vários xenólitos, ou seja, fragmentos de rochas formadas a alguns quilómetros de profundidade e trazidos à superfície no seio do magma em ascensão.
No extremo sul da fajã existe uma pequena piscina natural caracterizada pelo facto da água do mar ser aquecida por uma nascente termal, atingindo temperaturas na ordem dos 40 °C junto à rocha próxima da nascente e na altura da maré vazante. A água termal da Ferraria, de composição cloretada sódica (como resultado da mistura de água termal com água salgada), exsurge ao nível do mar com temperaturas na ordem dos 60 °C.
Em junho de 1811, a cerca de uma milha da Ponta da Ferraria, formou-se uma ilha vulcânica conhecida por Ilha Sabrina, na sequência de uma erupção submarina do tipo surtseiano que, devido à atuação da erosão marinha, desapareceu passados poucos meses restando, atualmente, apenas um baixio nesta zona.
Este monumento natural constitui uma importante área para a nidificação das espécies Calonectris borealis (cagarro) e Puffinus lherminieri baroli (frulho), classificado por este motivo como Área Importante para as Aves e Biodiversidade (IBA – Important Bird and Biodiversity Area) da organização BirdLife International.
Associados às espécies Erica azorica (urze) e Morella faya (faia-da-terra) podemos encontrar alguns insetos endémicos, como Ascotis fortunata azorica e Cyclophora azorensis (traças), Argyresthia atlanticella (traça-da-urze), Cixius insularis (cigarrinha-das-árvores), este último existente apenas em São Miguel. A nível dos invertebrados marinhos merecem especial destaque as espécies Melarhaphe neritoides (litorina-preta) e Littorina striata (litorina-estriada). Nas nascentes de águas termais existe uma grande diversidade de microrganismos extremófilos como algumas bactérias.
A nível da flora natural açoriana salienta-se a presença de Morella faya (faia-da-terra), Erica azorica (urze), Festuca petraea (bracel-da-rocha) e Myrsine retusa (tamujo). Em termos de vegetação aquática pode encontrar-se as seguintes espécies de algas: Enteromorpha linza (alface-do-mar), Ulva rigida, Fucus spiralis, Corallina officinalis, entre outras.
Esta área, que se situa entre duas Áreas Protegidas para a Gestão de Habitats ou Espécies, constitui um geositio do Geoparque Açores – Geoparque Mundial da UNESCO e a zona marinha adjacente constitui uma Área Protegida de Gestão de Recursos.