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Circuito Interpretativo – Roteiro dos Dabney
 
Como Chegar
A partir do Jardim da Praça do Infante (extremidade sul da Avenida Marginal), frente à Marina da Horta, desloque-se para sul, pelo caminho de calçada, em direção à Praia de Porto Pim. Após passar o Hotel Canal à sua direita, no entroncamento vire à esquerda e percorra cerca de 600 metros até chegar ao parque de estacionamento. Vire à direita, em direção à praia e siga pelo caminho contíguo à mesma. Encontrará a Casa dos Dabney à sua esquerda.
Equipamento Recomendado
Calçado apropriado para caminhadas, impermeável, chapéu, protetor solar e água.
Este Roteiro desenvolve-se num dos enredos históricos mais importantes da ilha do Faial do século XIX.
A família Dabney, que viveu nesta ilha ao longo de três gerações, durante 86 anos, foi responsável por uma época de prosperidade e de influência política como não se voltou a testemunhar. Este Roteiro traz a memória desses tempos para a atualidade, percorrendo as residências e os locais de preferência desta família, quer para os negócios, quer simplesmente para a prática de atividades de lazer, alguns incluídos nas Áreas de Paisagem Protegida do Monte da Guia e da Zona Central.
O Roteiro passa pelos seguintes pontos de interesse:
1. Casa dos Dabney
Antiga casa de veraneio dos Dabney adquirida por Charles W. Dabney em 1855. Esta casa fez parte de um complexo residencial que incluía a casa onde a família pernoitava, uma adega onde produziam vinho, um pequeno cais com abrigo para dois botes e um miradouro com uma pequena área de vinhas em forma de lira. Era o lugar de eleição das duas últimas gerações da família como local de lazer e recreio. Passavam aqui longas temporadas, normalmente desde o início do verão até finais de outubro, altura em que regressavam à sua residência na cidade. Atualmente, é propriedade do Governo Regional dos Açores e a Sede do Serviço de Ambiente e Alterações Climáticas do Faial e a Casa dos Dabney, fazendo parte do Complexo do Monte da Guia.
2. Casa do Tufo
Também conhecida como Antiga Fábrica da Baleia, a Casa do Tufo foi construída em 1836 pela Companhia das Pescarias Lisbonense e tinha como principal objetivo processar o bacalhau apanhado na Terra Nova e que seria colocado a secar nas encostas do Monte da Guia. No entanto, a elevada humidade não permitiu a concretização deste plano, pelo que foi adquirida em 1855 por Charles W. Dabney e convertida na primeira fábrica de extração de óleo de baleia no Faial. Esta unidade fabril encerrou em 1942 devido à construção da nova Fábrica da Baleia de Porto Pim. Atualmente, é propriedade do Governo Regional dos Açores e o centro Estação de Peixes Vivos – Aquário do Porto Pim, fazendo parte do Complexo do Monte da Guia.
3. Porto da Horta
Devido à proteção natural oferecida e pela possibilidade de ancoragem de navios de grandes dimensões em excelentes condições de abrigo, a baía da Horta era fundamental para a proliferação dos negócios da família Dabney. A exportação de vinho, laranja, limões, tangerinas e produtos derivados da caça à baleia desenvolvida pelos Dabney fazia-se por intermédio desta baía, sobretudo em direção aos portos dos Estados Unidos, da Europa e do Báltico, chegando ainda à Índia e a Macau. Charles W. Dabney foi um dos principais impulsionadores da construção do porto artificial em 1876.
4. Armazéns Relva
Armazéns usados pela casa “Dabney & Sons” para armazenamento dos produtos comerciais. O vinho era adquirido a produtores vinícolas na ilha do Pico e era aqui armazenado e enriquecido com aguardente, passando a seguir por um processo de aquecimento para acelerar o seu envelhecimento e reduzir a sua deterioração. Também a laranja, embrulhada em folhas de milho secas, e os barris de óleo de baleia eram aqui armazenados, enquanto aguardavam a chegada dos veleiros entre finais de outubro e inícios de maio. Atualmente, é propriedade privada, cujas instalações são utilizadas para fins turísticos.
5. Vila Itália
Eram os escritórios da casa “Dabney & Sons”. Devido à sua proximidade ao Porto da Horta, era aqui que a maior parte dos negócios eram discutidos e os contratos assinados.
Chegou também a servir como residência para amigos e familiares que visitavam os Dabney. Atualmente, é um edifício com serviços públicos.
6. Rua Cônsul Dabney
Anteriormente conhecida como Canada do Beliago, em 1863 foi elevada a Rua Cônsul Dabney pela Câmara Municipal da Horta, em homenagem à família Dabney e aos atos realizados na ajuda à população faialense. Mais tarde, em 1877, a Câmara Municipal descerrou a fotografia de Charles Dabney no Salão Nobre dos Paços do Concelho. A sua filantropia valeu-lhe, após a sua morte, o epíteto de “Pai dos Pobres”.
7. Fredonia
Casa adquirida por Charles William Dabney em 1835. Esta propriedade era composta por várias casas, cisterna, atafona, moinho, jardim e uma estufa que depois de remodelada, tanto ele como o seu filho Samuel Dabney, usaram-na como residência e consulado. Em 1858, foi o local escolhido para um baile em honra do príncipe D. Luís, que reinou em Portugal entre 1861 e 1889 como D. Luís I. Em 1899, os herdeiros de Samuel Dabney venderam-na à companhia de cabos telegráficos “Europe & Azores Telegraph C.º” e, em 1969, foi novamente vendida e convertida num infantário, qualidade que mantém até aos dias de hoje.
8. Cedars
Casa construída em 1851 por John Pomeroy Dabney, filho mais velho de Charles Dabney. Foi palco dos mais variados eventos culturais da Horta e residência oficial de John até ao início do século XIX, altura em que foi vendida pela sua filha Sarah à companhia de cabos telegráficos “Commercial Cable C.º” para residência do seu diretor. Foi adquirida, posteriormente, pelo Governo Regional, sendo, atualmente, a residência oficial do Presidente da Assembleia Legislativa dos Açores.
9. Cemitério do Carmo
Pela sua filantropia e num gesto de gratidão, a Câmara Municipal da Horta doou, em 1862, à família Dabney um talhão de terreno na zona não católica no cemitério do Carmo e, em 1863, mandou erigir um memorial em sua homenagem com a seguinte inscrição: “Memória de gratidão pela Câmara Municipal em nome dos seus administrados a Mr. Carlos Guilherme Dabney e sua família por sua filantropia e atos de dedicação aos habitantes do distrito da Horta, 1863”. Aqui jazem 14 membros da família Dabney.
10. Bagatelle
A Bagatelle foi a primeira residência dos Dabney, tendo sido construída durante o período da Guerra Anglo-Americana (1812-1814). Frequentemente visitada por amigos, familiares e estrangeiros que faziam escala no Porto da Horta, foi palco de um baile em honra de D. Pedro IV, em 1832, e do príncipe de Joinville, filho dos reis de França, em 1834. Na atualidade, é propriedade privada.
11. Casa de Campo do Capelo
Antiga casa de caça que a família Dabney possuía na freguesia do Capelo, perto do local onde, atualmente, se encontra o edifício da Junta de Freguesia. Era o local escolhido pela família quando iam nas suas excursões de caça à galinholas (Scolopax rusticola), ao pombo-torcaz dos Açores (Columba palumbus azorica) e ao coelho (Oryctolagus cuniculus), ou simplesmente para descansarem. Era frequente ver vários membros da família a passear de cavalo pela freguesia, na maior parte das vezes, até ao Porto do Comprido, local onde existia uma estação de pesca e de caça à baleia.
12. Fonte das Areias
A construção deste tanque de receção das águas das nascentes provenientes da Caldeira, assim como a casa e os lavadouros, foi financiada pela família Dabney com o intuito de ajudar e melhorar a vida das gentes da freguesia do Capelo, predominantemente rural e bastante isolada das outras povoações da ilha. Foi o primeiro local com água potável nesta freguesia oriunda de nascentes perto da Caldeira. Aqui, era frequente ver as lavadeiras a lavar a roupa nos tanques, enquanto punham os seus assuntos em dia, traduzindo-se também num local de convívio e de memória.
Consulte o website do Roteiro dos Dabney aqui.